A estratégia de gerenciamento de rede precisa mudar. Mas como? Com uma frequência cada vez maior, as organizações estão migrando aplicativos para a nuvem, além de algumas infraestruturas mais básicas, como plataformas de desenvolvimento de armazenamento e aplicativos. Na verdade, uma recente pesquisa com profissionais de TI brasileiros descobriu que quase todos (98%) dizem que adotar tecnologias de nuvem é importante para o sucesso comercial de longo prazo das organizações e mais de um quarto (31%) dizem que é extremamente importante.
Como resultado, os profissionais de TI de hoje são cada vez mais julgados por sua capacidade de gerenciar serviços de nuvem. E embora a nuvem alegue oferecer maior simplicidade operacional, os administradores de rede permanecem cautelosos. A obrigação dos profissionais de TI de gerenciar serviços de nuvem traz consigo o desafio inerente de ser responsabilizado pelo desempenho de redes que não são propriedade da empresa — as do provedor da nuvem — e que estão além do alcance das ferramentas de gerenciamento de redes tradicionais. E essa responsabilidade recairá ao final no gerente de rede.
A ampla adoção dos serviços de nuvem está transformando a natureza da rede corporativa, forçando-a além dos limites da organização e criando um cenário de gerenciamento muito mais complexo. Em um bom dia, os serviços de nuvem podem parecer facilitar a vida de todos. Como é a solução de problemas de rede híbrida em um dia ruim?
O dilema do gerente de rede de TI híbrida
Imagine isto: um administrador de rede está no trabalho, monitorando e otimizando a rede corporativa, quando a equipe de vendas sinaliza tempos de resposta lentos e interrupções de conexão frequentes ao se conectar com o Salesforce.
O representante da Salesforce na empresa insiste que não há problemas do lado deles, mas, mesmo assim, o painel de monitoramento empresarial do administrador de rede mostra uma rede íntegra do outro lado. Depois de uma investigação mais profunda, o administrador de rede determina que o problema deve ser relacionado com o tráfego que está fluindo da rede empresarial para o fornecedor da nuvem.
Infelizmente, a compreensão do que acontece com o tráfego de Internet depois que ele deixa a rede da empresa é algo complicado. Trata-se, muitas vezes, de uma tarefa inatingível com as ferramentas de monitoramento de redes tradicionais. A tentativa de montar uma imagem do caminho que o tráfego de rede está percorrendo do atendimento de vendas ao serviço de nuvem usando utilitários básicos com ping e rastreamento de rota é muitas vezes frustrada por firewalls da empresa que bloqueiam as conexões de rastreamento de rota de saída. Mesmo sondas iniciadas fora do firewall são geralmente insuficientes. O resultado é uma imagem parcial e confusa da conexão entre a rede empresarial e o serviço de nuvem.
Em meio às iniciativas de solução de problemas, o administrador de rede é informado que tudo “se corrigiu” e que os usuários finais estão on-line novamente. Apesar da súbita resolução, o administrador de rede ainda está em dúvidas sobre onde o problema se originou e como corrigi-lo novamente no futuro. (Observação: é sempre recomendável fazer referência ao ciclo detecção-prevenção-análise-resposta para criar formas estratégicas e táticas para enfrentar qualquer problema de rede agora e no futuro.)
Essa situação difícil pode soar estranhamente familiar a muitos administradores de rede que gerenciam ambientes de TI híbridos. As ferramentas de monitoramento tradicional fornecem insights somente das redes que gerenciam diretamente, mas os gerentes de rede de hoje são incumbidos da tarefa de garantir o desempenho de redes de fornecedores de nuvem que estão fora de seu controle.
Então, como a estratégia de gerenciamento de rede precisa mudar para enfrentar esses novos desafios?
Gerenciamento de rede 2.0
Identificar a causa fundamental de interrupções e problemas de desempenho continua sendo um dos maiores desafios do gerenciamento de TI. Embora os administradores de rede tenham tornado as redes empresariais mais gerenciáveis com ferramentas visuais, como mapas de rede interativos que podem ser suplementados com sondas para monitoramento de bancos de dados, servidores de aplicativos e outros elementos essenciais da arquitetura de rede, até recentemente esse nível de vigilância terminava nos limites da rede empresarial. E os fornecedores de nuvem podem oferecer painéis de status de serviço onde grandes interrupções são anunciadas, mas uma luz verde não significa que não exista um problema subjacente.
Para os profissionais de TI gerenciarem com eficácias redes modernas sem fronteiras, eles precisam mais do que apenas um painel. Eles precisam da visualização completa da rede, tanto no local quanto na nuvem. Afinal, ferramentas básicas como o rastreamento de rota (que rastreia a série de saltos feitos pelos pacotes de rede para alcançar um determinado endereço de rede) e consultas de DNS estão se tornando obsoletas diante da nuvem e da TI híbrida.
A chave para o sucesso da estratégia de TI híbrida é derrubar o muro invisível entre o data center físico e a nuvem para perceber uma maior visibilidade, ou seja, os gerentes de rede devem ser capazes de ver os caminhos dos aplicativos e a qualidade do serviço. O monitoramento de caminho visual permite que a TI readquira muito da autoridade perdida na transição para a TI híbrida. Ela permite não só a detecção simplificada de problemas em redes internas, mas também estende a solução de problemas pela Internet e para redes de provedores de serviço.
Isso é possibilitado com ferramentas de monitoramento de caminho de rede, que são modeladas com base em protocolos nativos usados por aplicativos de rede, em vez de um protocolo de diagnóstico especializado como rastreamento de rota, e podem simular tráfego específico de aplicativos que passa por firewalls exatamente da mesma forma que o tráfego do usuário. Por exemplo, essas ferramentas podem permitir que administradores de rede vejam que uma solicitação para pesquisar os registros em um aplicativo baseado na Web está alcançando o balanceador de carga na fronteira da rede do provedor de nuvem, mas sendo interrompida em um nó secundário que apresenta alta latência e perda de pacotes. Agora, se eles precisarem ligar ou enviar e-mail ao provedor de serviço de nuvem para resolver o problema, eles podem mostrar o ponto exato em que o problema reside, chegando ao endereço IP do nó de rede do problema.
Como alternativa, um gerente de rede pode descobrir que o problema reside na infraestrutura de telecomunicações entre a rede e o serviço de nuvem de uma organização. Em vez de desperdiçar tempo tentando obter uma resolução do provedor de serviço de nuvem, as ferramentas de visibilidade de caminho de rede permitem que os administradores determinem que o problema reside em outro lugar e façam drill down no nó específico em busca de informações de contato.
Os dados dessas ferramentas podem também ser cruciais para planejamento de capacidade. Os dados históricos podem ser usados para prever quando a organização precisará de mais recursos no local para aliviar congestionamentos. Além disso, eles podem possibilitar que a TI garanta um acordo de nível de serviço verdadeiramente ideal com o fornecedor de nuvem que garanta certa capacidade em certos horários.
Obtendo visibilidade de rede moderna
À medida que as empresas confiam cada vez mais em nuvem, SaaS e TI híbrida, a necessidade de maior visibilidade ao usar uma solução de monitoramento e gerenciamento combinada é mais necessária do que nunca. Os gerentes de rede e as organizações de TI devem aproveitar as seguintes práticas recomendadas para visualizar e controlar melhor as redes que não são de sua propriedade:
Monitore a rede inteira (no local e na nuvem) de uma única plataforma que possa visualizar o cenário de rede completo. Por meio de uma plataforma única, os profissionais de TI devem ser capazes de ver quando o desempenho do aplicativo está diminuindo ou sendo inferior, seja na nuvem ou no local, e comparar o desempenho relativo para tomar decisões informadas. Uma única plataforma fornece uma visão holística da atividade da organização, possibilitando que a TI transforme pontos de dados em insights valiosos e de valor prático. Se os profissionais de TI, principalmente os administradores de rede, tiverem de acessar várias plataformas para gerenciamento, eles correrão o risco de perder a continuidade.
Qualidade de serviço (QoS) e experiência de usuário final são fundamentais. Para garantir a qualidade da experiência, uma métrica importante para um departamento de TI, os profissionais de TI precisam ser capazes de rastrear como os usuários finais estão realmente usando qualquer um dos aplicativos e ver a qualidade do serviço em primeira mão. As métricas principais devem ser identificadas e monitoradas rapidamente a fim de gerar melhor visibilidade. O monitoramento deve incluir insight prático, como detalhes sobre utilização, saturação e erros, que são essenciais para velocidade, colaboração e QoS.
Lembre-se que os fornecedores de nuvem não são o inimigo. Os administradores de rede e outros profissionais de TI muitas vezes têm dificuldade em confiar seus dados a provedores de nuvem porque eles trafegam por redes que não são de sua propriedade. Para combater o nervosismo na migração para nuvem, os administradores de rede devem ter uma compreensão fundamental de cada fornecedor e de seus serviços. Muitos serviços fornecem informações e relatórios que podem ser integrados aos próprios aplicativos de um departamento de TI para criar uma abordagem mais abrangente do monitoramento e do gerenciamento de redes no local e da nuvem.
No data center de TI híbrido de hoje, simplificar o gerenciamento de redes de nuvem tornou-se, em última análise, um pré-requisito para a computação em nuvem com a simplicidade prometida inicialmente. Com o monitoramento e o gerenciamento de rede modernos e as práticas recomendadas descritas aqui, os gerentes de rede podem aproveitar a maior visibilidade para substituir o jogo de adivinhação sobre as causas de falhas de serviço de nuvem pelos fatos e garantir o desempenho em caminhos complexos da rede da TI híbrida.
“A estratégia de gerenciamento de rede precisa mudar. Mas como?”
FONTE:CIO
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